sexta-feira, 9 de outubro de 2009

II Seminário Livre pela Saúde


O capitalismo entrou numa nova fase desde meados dos anos 1970. Neste período acelerou a afirmação de seu domínio sobre todas as esferas da vida humana e a todas as partes do planeta. Impulsionada por grandes transformações produtivas, esta nova fase representa a sua maturidade e o auge enquanto sistema. No mundo não existe outro modo de produção significativo. Estamos todos (de Xapuri a Nova Yorque, de Bangladesh a Paris) unificados numa sociedade produtora de mercadorias.” (MENEGAT, 2006)

A saúde não foge a essa lógica perversa. Até a década de 1960, a saúde não tinha grande importância na dinâmica de acumulação do capital. A medicina centrada na clínica fazia uso de tecnologias que não dependiam da produção industrial. Isso mudou radicalmente com a grande revolução tecnológica vivenciada pela humanidade a partir da segunda metade do século XX. O desenvolvimento da nanotecnologia, da biotecnologia e da farmácia, transformou o setor saúde num grande consumidor dessas novas tecnologias, inserindo-o na ponta da acumulação capitalista desse novo período.

Além disso, o mercado de procedimentos de saúde, os chamados planos de saúde, também se tornaram altamente rentáveis. Com os processos de reformas privatizantes que passaram os Estados nacionais a partir da década 1980, esse setor foi aberto para a livre ação da iniciativa privada, tornando um espaço de grande acumulação do capital.

Após todas essas transformações, a saúde se tornou um poderoso setor da economia mundial. Dominado por grandes complexos financeiro-industriais, responde por 20% da despesa mundial, pública e privada. No Brasil, sua cadeia produtiva representa entre 7% e 8% do PIB (R$ 160 bilhões). Emprega, com trabalho formal, 10% da população e é a área em que os investimentos públicos com pesquisa e desenvolvimento são os mais expressivos no país. O mercado farmacêutico brasileiro movimenta R$ 22 bilhões, equipamentos médico-hospitalares, R$ 6 bilhões, e vacinas, reagentes e hemoderivados, R$ 3 bilhões. São indústrias que geram 300 mil empregos diretos.

Esse momento exige de nós, militantes sociais da saúde, novas formas de luta. Nossos inimigos se modificaram e fortaleceram. Não são mais os deputados pró-setor privado da década de 1980. São agora grandes grupos econômicos internacionais capazes de submeter Estados Nacionais aos seus ditames. Isso aumenta nossos desafios. Nos cobra mais estudo e formas organizativas mais amplas e qualificadas, que tenham força e capacidade de superar essa lógica e construir assim, uma sociedade baseada na plenitude da vida e não no lucro.


Relatoria II Seminário Livre pela Saúde – Saúde e Neoliberalismo

Belo Horizonte, 14 e 16 de novembro de 2008

1) Encaminhamentos de Natal-

Avaliação:

  • Cumprimos, porém visualizou-se falhas na comunicação o que dificultou a organização e mobilização nas escolas.
  • Observou-se também que houveram falhas nos estudos propostos em Natal.

2) Onde avançamos?

  • Conseguimos avançar em começar a definir quem são nossos inimigos;
  • Conseguimos um nível mais avançado de formação, trazendo mais elementos e esses com mais profundidade, promovendo um amplo debate de saúde.
  • Observamos que em Natal houve a reafirmação da necessidade da luta pela saúde e hoje conseguimos complementar esse posicionamento a partir do acúmulo dos anteriores;
  • Na articulação do movimento de saúde no sudeste;
  • Houve avanços metodológicos, na perspectiva de compreensão da intencionalidade do estado.
  • Análise de que nossa principal tarefa não é a priori aproximar gente nova, mas sim aprofundar a formação do grupo, observando-se que trabalhar a base é muito importante;
  • Avançou-se no encerramento da perspectiva de “luta pela saúde” sem a perspectiva da luta maior;
  • Porém não avançamos na preparação para o seminário, não dedicamos tempo para estudo.
  • Não houve discussão do que houve no primeiro seminário, mas sim o que estava sendo proposto para o segundo;

3) Desafios

I- Estudo

· Economia Política, Capital e Saúde;

· Estado

· Trabalho

· Processo de formação da Consciência

· Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Saúde ( O que a burguesia pensa para a saúde)

· Compreensão da historia da luta pela saúde;

· Educação popular

II – Articulação

· Trabalhadores de Saúde

· Executivas de Curso

· Movimentos Sociais

· Universidades

III) Luta (Totalidalidade)

  • Rejeição da fragmentação e sectarismo;
  • Estratégia da Classe Trabalhadora, temos que inserir e construir a pauta da saúde dentro desse processo;
  • Esse debate não pode se furtar de ser feito no espaço da universidade

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