O capitalismo entrou numa nova fase desde meados dos anos 1970. Neste período acelerou a afirmação de seu domínio sobre todas as esferas da vida humana e a todas as partes do planeta. Impulsionada por grandes transformações produtivas, esta nova fase representa a sua maturidade e o auge enquanto sistema. No mundo não existe outro modo de produção significativo. Estamos todos (de Xapuri a Nova Yorque, de Bangladesh a Paris) unificados numa sociedade produtora de mercadorias.” (MENEGAT, 2006)
A saúde não foge a essa lógica perversa. Até a década de 1960, a saúde não tinha grande importância na dinâmica de acumulação do capital. A medicina centrada na clínica fazia uso de tecnologias que não dependiam da produção industrial. Isso mudou radicalmente com a grande revolução tecnológica vivenciada pela humanidade a partir da segunda metade do século XX. O desenvolvimento da nanotecnologia, da biotecnologia e da farmácia, transformou o setor saúde num grande consumidor dessas novas tecnologias, inserindo-o na ponta da acumulação capitalista desse novo período.
Além disso, o mercado de procedimentos de saúde, os chamados planos de saúde, também se tornaram altamente rentáveis. Com os processos de reformas privatizantes que passaram os Estados nacionais a partir da década 1980, esse setor foi aberto para a livre ação da iniciativa privada, tornando um espaço de grande acumulação do capital.
Após todas essas transformações, a saúde se tornou um poderoso setor da economia mundial. Dominado por grandes complexos financeiro-industriais, responde por 20% da despesa mundial, pública e privada. No Brasil, sua cadeia produtiva representa entre 7% e 8% do PIB (R$ 160 bilhões). Emprega, com trabalho formal, 10% da população e é a área em que os investimentos públicos com pesquisa e desenvolvimento são os mais expressivos no país. O mercado farmacêutico brasileiro movimenta R$ 22 bilhões, equipamentos médico-hospitalares, R$ 6 bilhões, e vacinas, reagentes e hemoderivados, R$ 3 bilhões. São indústrias que geram 300 mil empregos diretos.
Esse momento exige de nós, militantes sociais da saúde, novas formas de luta. Nossos inimigos se modificaram e fortaleceram. Não são mais os deputados pró-setor privado da década de 1980. São agora grandes grupos econômicos internacionais capazes de submeter Estados Nacionais aos seus ditames. Isso aumenta nossos desafios. Nos cobra mais estudo e formas organizativas mais amplas e qualificadas, que tenham força e capacidade de superar essa lógica e construir assim, uma sociedade baseada na plenitude da vida e não no lucro.
Relatoria II Seminário Livre pela Saúde – Saúde e Neoliberalismo
Belo Horizonte, 14 e 16 de novembro de 2008
1) Encaminhamentos de Natal-
Avaliação:
- Cumprimos, porém visualizou-se falhas na comunicação o que dificultou a organização e mobilização nas escolas.
- Observou-se também que houveram falhas nos estudos propostos em Natal.
2) Onde avançamos?
- Conseguimos avançar em começar a definir quem são nossos inimigos;
- Conseguimos um nível mais avançado de formação, trazendo mais elementos e esses com mais profundidade, promovendo um amplo debate de saúde.
- Observamos que em Natal houve a reafirmação da necessidade da luta pela saúde e hoje conseguimos complementar esse posicionamento a partir do acúmulo dos anteriores;
- Na articulação do movimento de saúde no sudeste;
- Houve avanços metodológicos, na perspectiva de compreensão da intencionalidade do estado.
- Análise de que nossa principal tarefa não é a priori aproximar gente nova, mas sim aprofundar a formação do grupo, observando-se que trabalhar a base é muito importante;
- Avançou-se no encerramento da perspectiva de “luta pela saúde” sem a perspectiva da luta maior;
- Porém não avançamos na preparação para o seminário, não dedicamos tempo para estudo.
- Não houve discussão do que houve no primeiro seminário, mas sim o que estava sendo proposto para o segundo;
3) Desafios
I- Estudo
· Economia Política, Capital e Saúde;
· Estado
· Trabalho
· Processo de formação da Consciência
· Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Saúde ( O que a burguesia pensa para a saúde)
· Compreensão da historia da luta pela saúde;
· Educação popular
II – Articulação
· Trabalhadores de Saúde
· Executivas de Curso
· Movimentos Sociais
· Universidades
III) Luta (Totalidalidade)
- Rejeição da fragmentação e sectarismo;
- Estratégia da Classe Trabalhadora, temos que inserir e construir a pauta da saúde dentro desse processo;
- Esse debate não pode se furtar de ser feito no espaço da universidade
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